segunda-feira, 18 março, 2024 21:25

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Amamentação reduz risco de câncer

“Além de todos os benefícios já conhecidos, a amamentação também pode diminuir o risco de câncer de mama na mãe”.
Pesquisas têm mostrado que mães que amamentam diminuem o risco de câncer de mama pré e pós-menopausa. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o ideal é a amamentação exclusiva por pelo menos 6 meses, sem água, outros líquidos ou sólidos. O leite materno fornece toda a energia e nutrientes de que o bebê precisa durante esse tempo para se desenvolver e se manter saudável. “As evidências mostram que os benefícios de saúde e a redução de risco de câncer tornam-se significativas por esse período e, ainda mais, para aquelas mulheres que amamentam por mais de seis meses, o que pode fornecer proteção adicional”, afirma o oncologista Antônio Carlos Buzaid, chefe geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes (COAEM).
A maioria das mulheres que amamentam experimentam alterações hormonais durante a lactação que atrasam os seus períodos menstruais. Isso reduz a exposição a hormônios como o estrogênio, que pode promover o crescimento de células de câncer de mama. Além disso, durante a gravidez e a amamentação a mulher renova o tecido mamário, o que pode ajudar a remover células com danos ao DNA, reduzindo o risco de desenvolver câncer de mama.
A amamentação também pode ajudar a diminuir o risco de câncer de ovário, impedindo a ovulação. O mecanismo é o mesmo: quanto menos a mulher ovula, menor a exposição ao estrogênio e às células anormais que podem se tornar câncer.
Depois de seis meses, o leite materno fornece pelo menos metade das necessidades nutricionais do seu filho. Assim, você pode introduzir gradualmente alimentos como cereais, frutas e legumes, mas deve continuar a amamentar.
Em um estudo realizado pelo Grupo Colaborativo de Fatores Hormonais no Câncer de Mama, os pesquisadores compararam mães que amamentaram com aquelas que não o fizeram, e descobriram que para cada 12 meses que uma mulher amamenta, seu risco de câncer de mama diminui 4,3%. Além disso, pesquisadores australianos também observaram que as mulheres que amamentaram por mais de 13 meses tiveram 63% menos probabilidade de desenvolver câncer de ovário em comparação com as mulheres que amamentaram por menos de sete meses. E as mulheres que amamentaram vários filhos por mais de 31 meses podem reduzir o risco de câncer de ovário em até 91% em comparação com as mulheres que amamentaram por menos de 10 meses.

Amamentação também protege a criança contra o câncer
A amamentação não só reduz o risco de a mãe desenvolver câncer, mas também da criança. “As evidências mostram que a amamentação pode ajudar a evitar que a criança se torne obesa, o que também é um fator de risco para muitos tipos de tumor, como câncer de pâncreas, mama (pós-menopausa), endometrial, esôfago, colorretal e renal”, explica o oncologista Fernando Maluf, Chefe da Oncologia Clínica do COAEM.
A amamentação também ajuda a fortalecer o sistema imunológico ao transmitir os anticorpos da mãe para o filho. Isso ajuda a reduzir os riscos de desenvolver infecções, bem como problemas respiratórios e do sistema digestivo. Além disso, a pesquisa indica que quanto mais tempo uma criança é amamentada, menor seu risco de desenvolver alergias.

Como evitar o aparecimento do câncer?
A maioria dos casos de câncer é diagnosticada em fases avançadas. Mesmo tumores pequenos representam manifestações de transformações malignas ocorridas muitos anos antes. Por exemplo: calcula-se que a maioria dos tumores de mama leve de dois a 15 anos para atingir 1 cm de diâmetro.
As estratégias para prevenir o aparecimento de tumores malignos envolvem evitar contato com carcinógenos químicos ou físicos, retirada cirúrgica de lesões pré-malignas ou de órgãos com risco alto de transformação maligna, prevenção e erradicação de infecções e o uso preventivo de medicamentos como os usados em câncer de mama e as vacinas em câncer do colo uterino.

A espiritualidade pode contribuir para a cura do câncer?
Doenças podem ser compreendidas como manifestações localizadas ou parciais de um desequilíbrio global. Elas nos convidam não só a consertar as “partes quebradas”, mas a cuidar de tudo o que somos de forma integral. Às vezes, é a partir da doença que vamos nos abrir para mudanças e nos interessar em buscar um sentido maior para a vida. Assim, curar-se não é simplesmente consertar algo e voltar ao lugar em que estávamos antes da doença, mas ir a um lugar adiante, em termos de consciência, amadurecimento, equilíbrio e espiritualidade.
O suporte espiritual pode acontecer através da vivência da fé e das crenças pessoais do paciente, e também pode ser experimentado através de práticas que levam à interiorização, ao silêncio, a um contato mais profundo consigo mesmo. Esse contato pode não só aplacar dores e trazer mais sentido para as dificuldades, mas elevar o paciente e ajudá-lo a confiar em suas próprias forças, algumas vezes escondidas pelo desconforto e pela desesperança.

A importância do autocuidado
Aprender técnicas para o alívio do estresse e dos sintomas da doença ou do tratamento pode ser muito importante para que o paciente participe mais ativamente de sua recuperação. Educar-se para o autocuidado, no entanto, não é somente aprender a “fazer” alguma coisa. É também se conhecer: ter consciência de si mesmo é certamente um dos maiores aliados do paciente com câncer, e pode transformar positivamente o equilíbrio de forças entre saúde e doença.

O cuidado com os familiares e cuidadores
São os familiares que vão ajudar o paciente a sentir que alguém se importa com suas noites mal dormidas, seus medos, sua aparência alterada pela doença ou pelo tratamento, sua rotina estressante de exames e consultórios médicos. O cuidado com os familiares e com os cuidadores, além de beneficiá-los, auxiliará, indiretamente, o próprio paciente.

Considerações finais sobre as técnicas e práticas
No ambiente médico ocidental, as práticas integrativas e complementares são, em sua maioria, aplicadas como intervenções de redução de estresse e ansiedade, de relaxamento ou analgesia. No contexto cultural em que se originam, no entanto, algumas são verdadeiras disciplinas espirituais ligadas a tradições milenares. É importante reconhecer isso, por respeito a elas e para que seus potenciais não sejam ignorados.
Com exceção feita às práticas biológicas, as demais costumam ser de baixo risco, baixo custo, não invasivas e sem efeitos colaterais, além de serem úteis no controle de diversos sintomas e oferecerem bem-estar e qualidade de vida.
O uso dessas práticas está crescendo no mundo todo, assim como o número de pesquisas acerca de sua utilização. Ainda se busca uma metodologia científica adequada para investigá-las e comprovar a evidência de seus benefícios, avaliando com mais clareza os efeitos adversos, a segurança e a eficácia de muitas delas.
Prevenir é o néctar de qualquer prática médica. Isso é uma verdade também em relação aos cuidados integrativos. Na grande maioria, essas práticas são originalmente instrumentos de cuidado pessoal e serão muito mais eficazes quando usadas preventivamente.