sábado, 20 abril, 2024 03:15

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Milton Nascimento – Uma lenda da MPB

Milton do Nascimento nasceu no Rio de Janeiro em 26 de outubro de 1942, apelidado “Bituca”, é um cantor e compositor brasileiro, reconhecido mundialmente como um dos mais influentes e talentosos cantores e compositores da Música Popular Brasileira. Mineiro de coração, tornou-se conhecido nacionalmente, quando a canção “Travessia”, composta por ele e Fernando Brant, ocupou a segunda posição no Festival Internacional da Canção, de 1967. Tem como parceiros e músicos que regravaram suas canções, nomes como: Wayne Shorter, Pat Metheny, Björk, Peter Gabriel, Sarah Vaughan, Chico Buarque, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Fafá de Belém e Elis Regina. Já recebeu 5 prêmios Grammy. Em 1998, ganhou o Grammy de Best World Music Album in 1997. Milton já se apresentou na América do Sul, América do Norte, Europa, Ásia e África.

Milton nasceu em uma favela da Tijuca, no Rio de Janeiro. Filho da empregada doméstica Maria do Carmo do Nascimento, que foi abandonada grávida por seu primeiro namorado. Após os patrões descobrirem a gestação, a demitiram. Maria do Carmo enfrentou a sociedade preconceituosa e não abandonou seu filho, e o registrou como mãe solteira. Mesmo muito pobre, tentou criar Milton, com ajuda de sua mãe, uma pobre senhora viúva, também empregada doméstica, mas, ainda muito jovem, entrou em depressão e veio a falecer de tuberculose antes de Milton completar dois anos. Milton ficou entregue aos cuidados da avó. Uma das duas filhas do casal para o qual sua avó trabalhava, a professora de música Lília Silva Campos, era recém-casada e não estava conseguindo engravidar. Imediatamente, Lília apegou-se a Milton, e, então, propôs adotá-lo. A avó concordou, desde que o trouxessem para ela vê-lo algumas vezes, e que não tirassem o nome da mãe dele do registro. O casal concordou e Milton foi então adotado por Lília e seu marido Josino Campos, dono de uma estação de rádio. A família mudou-se para Três Pontas, em Minas Gerais. Em Minas, Lília e Josino criaram Milton com muito amor e carinho. Por alguns anos ele foi filho único. Mesmo fazendo tratamento, Lília não engravidava. O casal, então, passaram a visitar orfanatos e adotaram um menino e poucos anos depois, uma menina. O casal só veio a ter uma filha biológica alguns anos depois. Milton, então, cresceu ao lado dos irmãos em um ambiente feliz, saudável e próspero. Desde criança sempre soube ser adotado, assim como seus irmão sabiam.

Foi apelidado de “Bituca” por fazer um bico quando estava contrariado. Milton começou a gostar de música por influência da mãe. Aos quatro anos, ganhou uma sanfona de dois baixos, e desde cedo explorou sua voz. Aos 13 anos, era crooner ao lado do amigo Wagner Tiso em um conjunto de baile de Três Pontas.

Milton casou-se no cartório e em uma igreja da Tijuca, zona norte do Rio, em 1968, com uma estudante chamada Lurdeca. O casal foi viver em Copacabana, porém o matrimônio durou um mês: Afirmou em entrevistas ter se casado apaixonado, e a convivência fora difícil. Após dois meses separados, veio a anulação do casamento, voltando ao estado civil de solteiro. Após ele, teve diversas namoradas, uma delas, chamada Kárita, uma socialite paulistana muito rica, foi sua namorada por anos. Eles moraram juntos por mais de dez anos e tiveram um filho, Pablo, nascido nos anos 70. Porém, após um tempo, se separaram. Seus relacionamentos não deram certo por conta de sua própria carreira, que exigia muito do cantor, que se dedicava mais a seus shows que a sua vida pessoal. Morou em diversas cidades do país na casa de amigos compositores, em busca de uma chance. Fez muitas amizades com pessoas que hoje são famosas e que começaram junto com ele, cantando em bares e vivendo de gorjetas. Antes de se aventurar na música, Milton era escriturário em um escritório de Belo Horizonte, e foi convencido pelos amigos de infância a largar tudo por seu sonho de cantar. Junto deles, escreveu diversas letras e viajou pelo Brasil, de carona pelas estradas, até pegou carona em bicicleta, se apresentando em festivais. Foi amigo inclusive da presidente Dilma e de seu ex-marido, Galeno. Juntos, Milton, seus amigos e eles iam a bares e shows em Belo Horizonte. Por alguns anos teve problemas com o vício em bebida alcoólica, mas conseguiu se curar em pouco tempo.

Gravou a primeira canção, Barulho de trem, em 1962. Em Três Pontas, integrava, ao lado de Wagner Tiso, o grupo W’s Boys, que tocava em bailes. Mudou-se para Belo Horizonte para cursar Economia, onde, tocando em bares e clubes noturnos, começou a compôr com mais frequência; datam dessa época as composições Novena e Gira Girou (1964), ambas com Márcio Borges.

O estilo musical de Milton pode ser classificado como Música Popular Brasileira, surgido de um desdobramento do movimento da bossa nova, com fortes influências desta, do jazz, do jazz-rock e de grandes expoentes do rock, como os Beatles, Bob Dylan e com pitadas tanto da música hispano-americana de Mercedes Sosa, Violeta Parra e Victor Jara, quanto dos sons caribenhos de Pablo Milanes e Silvio Rodríguez. Ao mesmo tempo, o estilo de Milton Nascimento não deixa de beber nas fontes regionais brasileiras, nos cantos folclóricos de Minas Gerais e de outros estados.

Até agora, Milton Nascimento já gravou trinta e quatro álbuns. Cantou com dúzias de outros artistas, incluindo Angra, Maria Bethânia, Elis Regina, Gal Costa, Jorge Ben Jor, Caetano Veloso, Simone, Chico Buarque, Clementina de Jesus, Gilberto Gil, Beto Guedes, Paul Simon, Peter Gabriel (com quem co-escreveu a música “Breath after Breath” do Duran Duran), Herbie Hancock, Quincy Jones, Jon Anderson e Andreas Vollenweider.

Elegeu Elis Regina como “a grande musa inspiradora” para quem compôs inúmeras canções. A filha de Elis, Maria Rita, teve sua carreira catapultada pelo padrinho Milton Nascimento com a participação no álbum Pietá, cantando as faixas “Voa Bicho”, “Vozes do Vento” e “Tristesse”. Em seguida a cantora teve entre os sucessos de seu disco de estreia duas composições de Milton, “A Festa” e “Encontros e Despedidas”.