sábado, 20 abril, 2024 07:07

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O Carnaval e seus prós e contras!

Não é de se negar que o carnaval brasileiro é conhecido quase que mundialmente e que se tornou umas das marcas registradas do Brasil. Anualmente, milhares de turistas vêm ao Brasil para fazer parte desta festa que pára o país e que tem suas maiores concentrações nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Isso tudo tem seus pontos positivos, pois nessa época há um grande aumento na quantidade de empregos gerados no país e também na renda daqueles que já possuem um comércio e tem suas vendas aumentadas nessa época do ano. Com isso tudo, chegamos até a ter a impressão de que o carnaval teve suas origens no Brasil, mas a história nos revela que não é bem assim.
A origem real do carnaval não é consenso entre historiadores, mas estima-se que esta festividade, inicialmente com propósitos religiosos, tenha surgido na Grécia em meados dos anos 600 a 520 a.C. No passado, os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção. Muitos historiadores também situam as origens do carnaval na Roma Antiga. Festas conhecidas como “saturnálias” (exaltação a Saturno, deus da agricultura) eram praticadas, nas quais os romanos dançavam pelas ruas e havia também uma espécie de “carro alegórico”, chamados “carrum navalis”, que levavam homens e mulheres nus. Algus pesquisadores identificam aí, a origem da palavra “carnaval”.
Na Idade Média, essas festas pagãs foram incorporadas pela Igreja Católica. A partir daí, essa festividade passou a se chamar “carnem levare”, que significa “retirar ou ficar livre da carne”, em latim, e passou a marcar os últimos dias de “liberdade” antes das restrições impostas pela Quaresma. Nesse período de penitência para os católicos (cerca de 40 dias antes da páscoa), o consumo de carne era proibido. A tão conhecida “quarta feira de cinzas”, que acontece após o feriado de carnaval, também traz um significa interessante. Na cultura judaica, quando uma pessoa colocava cinzas sobre sua cabeça, isso simbolizava arrependimento por algo que ela havia feito de errado. Portanto, ao levar tudo isso em consideração e seguindo a ordem das coisas, conclui-se que primeiro teríamos o carnaval, onde tudo é liberado (últimos dias de liberdade), depois a quarta-feira de cinzas, marcada pelo arrependimento pelas coisas praticadas nesse período prévio de “liberdade total”. Logo após, viria a abstenção de carne até que a páscoa chegasse (o que se adotam hoje como “jejum” não seria apenas carne, mas qualquer coisa que a pessoa goste muito). Isso é, claramente, uma mistura de elementos pagãos, cristãos e judaicos que a Igreja Católica instituiu no passado e que perdura até hoje, mas que claramente, nada tem a ver com aquilo que a Bíblia, ou seja, a Palavra de Deus, nos ensina.
Todos sabemos que o carnaval é marcado pela sensualidade. Sabemos também, que durante o mesmo, a maioria das pessoas aproveitam para deixar aflorar seus desejos carnais no que diz respeito à sexualidade e extravasam isso com outras pessoas que também buscam a mesma coisa. Isso sem mencionar o consumo excessivo de álcool, acidentes, brigas, mortes e tudo mais que possa acontecer. É fato que as coisas mencionadas acima acontecem em todos os lugares ao redor do mundo, mas também é fato que durante o carnaval, vemos claramente que tudo isso é intensificado. Muitos são defensores da criatividade, da beleza artística e cultural que o carnaval nos apresenta, e isso é realmente algo positivo e tem seu valor. Porém, a que custo isso acontece? Em detrimento à moral?
Vivemos hoje em um mundo onde o “eu” é cada vez mais valorizado. O “meu” prazer, a “minha” satisfação, o “meu” contentamento. E o homem, diante desses valores que a própria sociedade passa a ele, tenta buscar aquilo que o agrada e o satisfaça, na maioria das vezes, sem se importar com os meios pelos quais ele alcança o que quer. Isso já era verdade no passado, mas atualmente está infinitamente mais forte. Com isso, o “próximo” é deixado de lado, bem como padrões absolutos de moralidade, a saber, a maneira como Deus quer que nós vivamos. Isso sem mencionar na subjetivação da Verdade, que deixou de ser apenas uma (a de Deus) e passou a ser várias (a de cada uma das pessoas). E ai de quem ousar questionar ou até mesmo repreender alguém.
Minha intenção não é a de apontar dedos acusadores para as pessoas, mas apenas de levar o leitor a uma reflexão sobre a realidade que pode ser observada no carnaval e também na sociedade como um todo, bem como que o Senhor diz a respeito daquilo que é praticado nesses meios. O meu desejo é o de que Deus toque no coração de cada um para que de fato aquilo que Ele diz seja levado em consideração. Em 1 Coríntios 10.31, encontramos um dos maiores princípios bíblicos que devem nortear nossos passos: “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, faç am tudo para a glória de Deus”. O que significa “fazer TUDO para a glória de Deus”? Fazer tudo conforme o Senhor deseja. Tudo aquilo que O agrade.
A Sua Palavra é bem clara no que diz respeito a como Deus quer que vivamos nossa vida: de maneira honrosa, dando maior valor ao outro do que a mim mesmo, e colocando a vontade de Deus acima das nossas. O carnaval é uma ocasião oportuna para mostrar que as pessoas não vivem de acordo com os padrões de Deus. Vejo o carnaval apenas como um meio pelo qual as pessoas extravasam aquilo que já está dentro delas o tempo todo. Como Jesus disse: “É do interior do homem que procedem os maus pensamentos”. O homem, por si só, segundo Deus, não é bom. Ele pode fazer coisas boas, mas a sua natureza está inclinada para as coisas contrárias a Deus e para si mesmo. Por isso o homem afastado dos caminhos do Senhor jamais poderá experimentar a vida plena que somente Deus pode oferecer a ele. Depositando sua satisfação e felicidade em coisas fúteis, terrenas, nos prazeres da carne e em si mesmo, o homem pode até ter momentos agradáveis, mas no final, perceberá que tudo aquilo não passou de ilusão, fruto do seu coração enganoso, e que aquilo que ele realmente colheu para si foi nada além de frustração, tristeza e descontentamento.
O carnaval, como dito anteriormente, tem seus lados positivos (muito poucos), mas eu diria que os pontos negativos pesam muito mais. Tomando a figura da quarta-feira de cinzas emprestada, peço a Deus que nós possamos nos arrepender de fato de tudo o que fazemos de errado ao longo do ano todo, contrários a Deus, e que possamos viver de maneira que O agrade. Que esse arrependimento não seja mero remorso ou formalismo religioso, mas que de fato gere mudança de pensamentos e, consequentemente, de atitudes. E que em tudo, somente Ele seja glorificado.