quinta-feira, 28 março, 2024 08:07

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O que fazer quando o desejo sexual acaba?

Você conhece a pessoa, sente uma conexão singular, a relação começa e tudo caminha perfeitamente até que, sem motivos aparentes, se esfria. Ou então o desgaste vem pelos anos de convivência, pela rotina, pela problemática de manter filhos, casamento, trabalho… As coisas mudam e, junto, aparece a perda do desejo sexual, algo que costuma ser uma grande preocupação.

O que provoca tamanha alteração de comportamento? E mais: o que fazer quando o desejo sexual acaba? Se essa também é uma pergunta para a que você gostaria de conhecer a resposta, veja o que comenta alguns psicólogos cadastrados no portal.

Descartando o fator biológico

Nem sempre a falta de desejo sexual está relacionada ao psicológico de uma pessoa. Pode ser fruto de alterações hormonais e, até mesmo, do aparecimento de uma disfunção sexual. Por isso, a recomendação dos psicólogos é sempre descartar qualquer problema biológico, para poder partir para uma psicoterapia com as ideias mais claras.

Se a avaliação médica não encontrar nada de errado, sobrarão as causas relacionais, tanto com o outro como consigo mesmo.

“A primeira coisa é não se culpar por isso. Nós mudamos a cada dia, e é normal perdermos o ‘desejo’ por algo, ou desenvolvermos desejo por outras coisas”, sinaliza a psicóloga Marilia Siqueira, lembrando a importância de iniciar um processo de reflexão que permita compreender o que mudou e por quê.

Antes de desistir, dialogar

Cada relação tem suas regras, seus comportamentos, e os psicólogos adiantam que não há uma fórmula mágica para recuperar o desejo sexual perdido e voltar a ter uma convivência mais plena. O primeiro passo seria se perguntar: meu companheiro(a) sabe o que penso e o que sinto? E também: ela/ela também está se sentindo desconfortável?

Muitas vezes, pecamos por acreditar que nossos sentimentos são óbvios e carecem de explicação. Porém, isso é muito supor. Se a relação, em algum momento valeu a pena, é importante criar espaço para um diálogo sincero e respeitoso, antes de desistir.

“Tente dialogar sobre o que está acontecendo, sobre o que não lhe dá mais prazer e, se possível, busque a ajuda de um psicólogo. No processo de psicoterapia você poderá investigar a natureza do que pode ter motivado a ausência do seu desejo e encontrar possibilidades para que o mesmo desperte novamente”, explica a psicóloga Maitê Hammoud.

Trabalhando expectativas

Passado o tempo inicial de euforia, é natural que a relação sofra mudanças, à medida que os parceiros vão ganhando intimidade e comportando-se de forma mais “natural”. As mudanças não têm porque serem negativas, mas é habitual que coincida com uma série de reclamações.

Menos manifestações de carinho, menos autonomia, mais controle, menos tempo para fazer coisas juntos, menos sexo, mais brigas, e por aí vai. O problema recai sobre as expectativas que cada um construiu sobre a relação, e é importante entender que a questão do desejo pode ser diferente para homens e mulheres:

“Quando o casal não está bem emocionalmente, há uma forte probabilidade de a intimidade sexual é afetada. A maioria dos homens precisa da estabilidade sexual para conseguir se sentirem seguros em relação à intimidade emocional. Sem estabilidade emocional, as cobranças, acusações e a repulsa podem se tornar constantes. Para sair desse ciclo vicioso é necessário perseverança e capacidade de conversar abertamente sobre os sentimentos mútuos do casal”, detalha a psicóloga Maria José Machado Jorge.

Anular-se não é uma opção

Não há relação bem estruturada na que os parceiros não estejam habituados a ceder, porque num lugar onde há duas pessoas, há necessidades distintas. Porém ceder não pode ser confundido com se anular.

É preciso que haja um equilíbrio entre os parceiros, que ambos tenham espaço para seus projetos e que também haja uma preocupação em cuidar da “saúde” da relação. A frustração de ver que isso não acontece na prática também pode ser causa direta para a falta desejo sexual.

“Se não tem mais desejo sexual, é fundamental avaliar qual é a importância de sua satisfação neste quesito e então decidir que caminho seguir”, pontua a psicóloga Verônica Landim.

Superar problemas no relacionamento nunca é missão fácil. Às vezes, mesmo querendo, o casal não sabe que caminho seguir para tentar endireitar as coisas. Por isso, se precisar de ajuda, saiba que há psicólogos especializados na dinâmica dos casais e que podem ajudar.