sábado, 20 abril, 2024 09:52

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Outubro Rosa -Informações Importantes sobre Câncer de Mama!

Câncer de mama em fase inicial pode dispensar quimioterapia. Esse é o achado de uma pesquisa apresentada no maior congresso sobre câncer do mundo

Estudo publicado no New England Journal of Medicine e apresentado nesta semana na sessão mais importante do encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia, em Chicago, revelou que a maior parte das pacientes consideradas de baixo risco para recidiva do câncer de mama (ou seja, a volta do tumor) pode evitar a quimioterapia. Segundo o trabalho, mais de dois terços dessas mulheres deveriam realizar apenas o tratamento hormonal.

A pesquisa, chamada de TailorX, acompanhou mais de 10 mil mulheres durante cerca de nove anos nos Estados Unidos e em outros cinco países. Os resultados da avaliação mostraram que a maioria das pacientes poderia rejeitar a quimioterapia após a retirada do tumor. A mulher poderia seguir seu tratamento exclusivamente com a hormonioterapia, que bloqueia o hormônio capaz de contribuir para a volta do câncer.

Uma das autoras do estudo, a médica brasileira Ingrid Mayer, chefe do serviço de mama da Vanderbilt University Medical Center, nos Estados Unidos, ressalta que os achados são importantes para evitar tratamentos desnecessários e com efeitos colaterais indesejados, comuns na quimioterapia. “O impacto do estudo é muito grande, uma vez que a maioria das pacientes diagnosticadas com câncer de mama tem tumores de menor risco, com características que se beneficiariam da terapia hormonal”, destaca Ingrid Mayer.

Para chegar a essas conclusões, os cientistas avaliaram dados do Oncotype, um teste que ajuda a identificar as características do câncer e, assim, guiar a melhor forma de tratamento. No Brasil, o teste não está disponível na rede pública nem é coberto pelos planos de saúde.

O oncologista Antonio Carlos Buzaid, fundador do Instituto Vencer o Câncer e médico da BP – Beneficência Portuguesa de São Paulo e do Hospital Israelita Albert Einstein, também na capital paulista, nota que os dados apresentados podem mudar a conduta do tratamento daqui pra frente. “É uma grande novidade, com potencial para proteger as pacientes com tumores característicos dos efeitos de terapias mais agressivas”.

Os autores do estudo fazem uma ressalva. Mulheres com menos de 50 anos devem ter uma conduta individualizada, pois os resultados da pesquisa indicaram que essas pacientes teriam melhor prognóstico com a combinação de hormonioterapia e quimio.

No Brasil, a Anvisa abriu as portas para um remédio que, em conjunto com a hormonioterapia, oferece ótimos resultados em tumores avançados

Acaba de desembarcar no Brasil um remédio oral que pode melhorar bastante a vida de mulheres com câncer de mama avançado – estima-se que de 20 a 50% delas chegue a essa fase, quando a doença invade outros órgãos. Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o comprimido ribociclibe, da farmacêutica Novartis, mostrou ser um bom inimigo contra o tumor, ao mesmo tempo que provoca efeitos colaterais aceitáveis.

“Ele faz parte de uma classe nova de medicamentos, que inibe proteínas responsáveis por acelerar o crescimento celular do câncer”, ensina o médico Sergio Simon, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc). “Com isso, a doença para de crescer e vai regredindo aos poucos”, completa.

Segundo Simon, o fármaco em questão possui uma ação sinérgica com a hormonioterapia. Ambos atuam freando a multiplicação celular, por diferentes vias. Até por isso, ele é indicado em conjunto com a hormonioterapia.

O ribociclibe vira uma primeira opção de tratamento contra o câncer de mama avançado com receptores para hormônios sexuais (marcados pela sigla RH+) e sem o gene HER 2 (ou HER 2 negativo). Essas particularidades são descobertas por meio de exames após o diagnóstico – e correspondem a 69% dos casos de tumores nos seios, avançados ou não.

O remédio, em conjunto com a hormonioterapia, reduziu em 43% o risco de progressão da doença. Isso em comparação com o uso isolado de hormonioterápicos. Após oito semanas do tratamento, 76% das pacientes envolvidas na pesquisa que garantiu a aprovação na Anvisa viram seu câncer regredir significativamente.

“Ainda não temos dados de mortalidade, porque os estudos continuam em andamento, comparando mulheres que receberam o ribociclibe com outras que seguem o tratamento padrão”, explica Simon. “Mas é provável que a droga aumente a chance de sobrevida global também”, arremata.

No mais, essa nova classe de medicamentos traz efeitos colaterais bem mais brandos do que a quimioterapia. Ela pode acarretar, por exemplo, uma queda no número de células de defesa do organismo. Mas a boa nova é que isso, ao menos nos estudos, não foi associado ao surgimento de infecções graves.

E estamos falando de pílulas, mais fáceis de serem administradas do que infusões de quimioterapia.

Poucos meses antes, a Anvisa também aprovou o palbociclibe, da Pfizer. Trata-se de uma opção muito parecida com o ribociclibe, de acordo com Simon.

“O mecanismo de ação é similar e os resultados das pesquisas também”, diz o médico. “A opção entre um e outro vai depender mais da disponibilidade do produto, do preço e por aí vai”, conclui.

Ter uma opção adicional no mercado pode, portanto, baixar o custo desses remédios, que não são baratos e, infelizmente, estão longe do sistema público de saúde.

Mais: há no horizonte uma terceira medicação com as mesmas características. Batizada de abemaciclibe (e produzida pela farmacêutica Eli Lilly), ela já está autorizado nos Estados Unidos. Esse remédio, ao contrário dos dois outros, foi testado com sucesso sem o complemento da hormonioterapia – ou seja, será uma alternativa para quem não pode recorrer a ela.