Dieter Zetsche será substituído em Maio por Ola Kallenius, sendo que ao novo CEO da Daimler caberá decidir se mantém ou fecha a Smart, marca que tem acumulado prejuízos, avança o jornal Handelsblatt.
De acordo com o jornal alemão Handelsblatt, o futuro da Smart está repleto de nuvens negras e isto porque a marca de pequenos veículos do Grupo Daimler tem acumulado regularmente prejuízos, estimados entre 500 e 700 milhões de euros anuais.
A fonte do Handelsblatt é um membro do fabricante germânico, não identificado, que chama a atenção para a forte relação que Zetsche mantinha com a Smart – criada em 1994, mas cujo primeiro veículo foi comercializado em 1998 –, ao contrário de Ola Kallenius, o novo CEO da Daimler, que nunca manteve qualquer tipo de contato com a Smart, o que tornaria mais fácil o seu encerramento.
A confirmar-se, não deixa de ser estranha a decisão, especialmente agora que a Mercedes necessita de ajuda para reduzir as emissões médias de CO2, setor em que a Smart poderá ser uma grande ajuda. Não só está a fazer uma mudança total para a eletrificação, como mesmo antes disso os seus pequenos motores sempre anunciaram uma das médias de dióxido de carbono mais baixas do mercado.
A Smart foi um conceito criado pelo gênio da relojoaria Nicholas Hayek, CEO da SHM (empresa que projetou e desenvolveu os relógios de pulso Swatch). Inicialmente, a parceria para desenvolver este projeto foi firmada com a Volkswagen, em 1991, até que a chegada de Ferdinand Piëch aos comandos. E foi assim que Hayek acabou por estabelecer uma parceria com a Daimler, em 1994. Hoje, o Smart é fabricado com base no chassi, motores e caixas do Renault Twingo, sendo fabricado pela Renault (o ForFour) e pela Smart (o ForTwo).
A pequena marca sempre prejudicou os lucros do grupo Daimler, sendo a última tentativa de a retirar do vermelho a transformação da Smart de um construtor de veículos com motor de combustão, para um especialista em modelos elétricos. Caso não funcione, Kallenius não terá problema algum em “desligar a luz”.
O futuro desta marca, cuja oferta se resume a apenas dois modelos compactos – ForTwo e ForFour – dependerá de a Mercedes arranjar um novo parceiro, que assuma o lugar do Renault, caso esta não renove a parceria. A alternativa é acabar com a marca – o plano interno será esse – e usar a Mercedes como chancela para o lançamento de um novo modelo abaixo do Classe A, que indiretamente permitiria substituir os ForTwo e ForFour e, diretamente, concorrer com os rivais Mini Cooper e o Audi A1. São fortes os rumores que apontam para a denominação Classe U, numa clara colagem ao espírito urbano, havendo até quem já avance que o modelo está pensado para integrar três variantes: a City (com carroçaria de duas e quatro portas), a Shuttle (para a mobilidade partilhada) e a Cargo (comercial). Resta aguardar, na certeza de que a Smart já só comercializa EV nos EUA e comprometeu-se a fazer o mesmo, a partir de 2022, na Europa. E sucede que veículos elétricos pequenos e baratos é uma das especialidades dos chineses da Geely, os maiores acionistas da Daimler.