quarta-feira, 17 abril, 2024 20:03

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O resultado econômico do Sonho Americano

Em 2019, trabalhadores estrangeiros representavam 17,4 por cento da força de trabalho nos EUA, cerca de um em cada seis trabalhadores. 

No ano passado, havia 28,4 milhões de nascidos no exterior na força de trabalho americana. De acordo com o Census Bureau, há 161 milhões de trabalhadores nos EUA que são nascidos no exterior. Quase um quarto da força de trabalho, 23,1 por cento, está empregada em serviços educacionais, saúde e assistência social. A comunidade de imigrantes que vive nos Estados Unidos está mais qualificada do que nunca.

Até 2018, dado oficial mais recente, 44,7 milhões de imigrantes residiam nos Estados Unidos. Enquanto os números da imigração diminuem de modo geral, a força de trabalho de estrangeiros nos EUA só aumenta. No mesmo ano, segundo os dados, a parcela de imigrantes que trabalhavam nos EUA já era três vezes maior que o número registrado em 1970, quando somente 5% da força de trabalho era imigrante.

Uma outra pesquisa do Instituto Pew Research Center, baseada em dados do governo americano, comprova que entre 2007 e 2016 a população imigrante não autorizada nos EUA encolheu 13%. Em contrapartida, a mesma pesquisa mostra que a população de imigrantes legalizados cresceu 22% no mesmo período. Um aumento de mais de 6 milhões de pessoas.

Mais da metade dos trabalhadores imigrantes nos EUA (56 por cento) trabalham em áreas ligadas à indústria. Mais de 20 por cento dos proprietários de novos negócios estabelecidos nos EUA eram imigrantes em 2014, o número mais que dobrou em 2019. Os imigrantes fundaram 51 por cento das empresas iniciantes do país, agregando um valor de mais de US$ 1 bi à economia americana em 2016.

Sobre o perfil dessa onda imigrante, uma pesquisa do Bureau of Labor Statistics (Departamento de trabalho) nos EUA, o percentual de estrangeiros que integram o mercado de trabalho americano e que possuem um diploma de bacharel ou formação superior é, atualmente, de 36,9%. Os que detêm diploma de ensino médio são 25,1%, percentual muito próximo ao de americanos nativos com diploma de ensino médio.

Dos 27,2 milhões de trabalhadores estrangeiros empregados com 16 anos ou mais até 2018, a maior parte, mais de 33%, trabalhava em administração, negócios, ciências e artes. Percentual muito maior que os 13% que atuam em Recursos Naturais, Construção e Manutenção (serviços que há pouco mais de 10 anos eram os mais atraentes a imigrantes). Ou seja, é incontestável a mudança do perfil do imigrante que está mais escolarizado e empreendedor nos EUA. 

Passamos a um novo perfil de imigrantes que chegaram aqui nos EUA nos últimos 5 anos. Eles estudam mais e estão buscando vir legalmente. Isso facilita suas vidas aqui na terra do tio Sam. De acordo com as últimas informações do Bureau of Labor Statics dos EUA, os imigrantes agora estão trabalhando mais em serviços educacionais, gestão, artes e ciências. Mais qualificados, os imigrantes estão abrindo mais negócios do que nunca. As aplicações para novos negócios americanos dispararam no terceiro trimestre deste ano e continuam a crescer. Os números destacam uma mudança na economia dos EUA em direção ao empreendedorismo e novas empresas durante a pandemia. Os dados do U.S. Census Bureau mostram um crescimento significativo do registro de novas empresas de alta propensão, o tipo que tende a eventualmente empregar pessoas.

Novos negócios, as startups, criadas por imigrantes nos EUA são indicadores importantes para a economia americana. São uma importante fonte de geração de empregos, inovação e concorrência. Os dados do Census Bureau identificaram aumento do número de empresas que solicitaram o identificador fiscal conhecido como EIN ou Employer Identification Number. 

Muitos desses novos negócios são digitais. Na esteira dessa tendência econômica, um número maior de imigrantes  se tornou empreendedor nos EUA, principalmente no ambiente online.  Entre abril e outubro deste ano, o número de inscrições semanais para novos negócios varejistas de forma virtual superou, em muito, todos os outros tipos de varejo.

Este crescimento do empreendedorismo entre a parcela imigrante continua no quarto trimestre deste ano. Os dados do período de seis semanas encerrado em 14 de novembro mostraram que havia mais de 508.000 novos negócios. Os estados americanos que mais registraram abertura de empresas por imigrantes este ano foram: Geórgia, Michigan, Louisiana, Mississippi, Maryland e Flórida.

*Rodrigo Lins é Mestre em Comunicação, Pesquisador da Imigração, Professor universitário, jornalista e escritor. Teve a carreira reconhecida como extraordinária pelo Governo Americano em 2016 e reside legalmente nos EUA. É autor do livro “Internacionalize-se: Parâmetros para levar a carreira profissional aos EUA legalmente”, lançado em 2019. Dirige a agência de Comunicação, Marketing e Imprensa multinacional Onevox Global com sede nos EUA. Mais informações: onevoxglobal.com