quinta-feira, 25 abril, 2024 13:21

MATÉRIA

Sal da Terra e Luz do Mundo – É o que devemos ser!

Logo após Jesus ter ensinado sobre o caráter que um filho de Deus deve apresentar ao mundo devido ao agir do Espírito Santo em suas vidas, ele começa a usar linguagem figurada para ilustrar alguns outros aspectos importantes que nossas vidas, como filhos de Deus, devem apresentar.

Jesus começa o versículo 13 dizendo “vocês são o sal da terra”. O texto paralelo de Marcos 9.50, nos diz: “O sal é bom, mas se deixar de ser salgado, como restaurar o seu sabor? Tenham sal em vocês mesmos e vivam em paz uns com os outros”. Então, temos duas ideias aqui: somos o sal da terra, e devemos ter sal em nós mesmos.

Tendo sal em nós mesmos e

sendo o Sal da Terra

No grego, a palavra traduzida literalmente por “sal”, halas (????), quando usada no sentido figurado, traz a ideia de “prudência”. O dicionário define uma pessoa prudente como sendo alguém discreto, moderado ou sábio. Paulo, em Colossenses 4.6, nos exorta: “O seu falar seja sempre agradável e temperado com sal, para que saibam como responder a cada um”. Quando agimos entre as pessoas sendo prudentes, discretos e moderados, agradáveis e temperados com sal, indicam um caráter e uma conduta compatíveis com os princípios que agradam a Deus e que, ao mesmo tempo, não O desonrem perante os homens por causa de nosso mau testemunho. Nesse sentido, podemos certamente aprender muito com Efésios 4.29, que diz:

“Nenhuma palavra torpe [lit. PODRE] saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem.”

Em Romanos 12.1-2, Paulo nos diz para nos oferecermos a Deus como “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”, e esse seria nosso “culto racional”. Esse tipo de “culto racional”, mencionado por Paulo em Romanos 12.1-2, não é algo que deva ser oferecido a Deus somente quando vamos à igreja, mas sim no nosso dia a dia, onde quer que estejamos inclusive no trato com as pessoas do mundo e da nossa própria família. É verdade! Podemos cultuar a Deus também quando estamos lidando com elas, evidenciando aquilo que Ele produz em nós, inclusive a prudência e a moderação. Esse aspecto de sermos “agradáveis” em nosso modo de falar, e de agir, pode ser em grande parte, aquilo que nos abrirá portas para testemunharmos acerca de Deus às outras pessoas.

Podemos destacar também algumas das ideias que essa figura de linguagem usada por Jesus usa para se referir aos filhos de Deus, quando tomada em seu sentido literal, nos ensina que o sal é usado para realçar o sabor dos alimentos presentes no meio no qual ele é inserido; o sal INFLUÊNCIA tudo aquilo no qual ele está inserido, em vez de ser INFLUENCIADO; o sal transmite suas características, em vez de receber características de outras coisas.

Quando Jesus disse que nós somos o “sal da terra”, ele está dizendo que nós devemos ser aqueles que influenciam o meio no qual se encontram, e não aqueles que são influenciados. Portanto, quanto ao termo “sal”, vemos que devemos “ter sal em nós mesmos”, ou seja, sermos temperados com a prudência e moderação que somente o Espírito Santo pode produzir em nós, nos tornando agradáveis em nosso modo de agir, e dessa forma podemos ter mais “abertura” para fazermos a diferença no mundo. E nesse sentido, em vez de sermos influenciados pelo meio no qual estamos inseridos, nós é que seremos as influências ali, ou seja, o “sal da terra”, que confere suas características ao meio no qual se encontra. É fato que quando nosso bom proceder é coerente com o evangelho de modo que as pessoas não tenham do que nos acusar, existirá uma menor chance de alguém apontar erros em nossa conduta para justificar sua rejeição ao evangelho ou sua perseguição a nós.

Sendo a Luz do Mundo

A segunda metáfora que Jesus usa no nosso texto base e que está contida no versículo 14 é: “Vocês são a luz do mundo…”. Temos contato diário com a luz, seja natural (luz do sol) ou artificial (proveniente de energia elétrica). O fato é que a luz serve para “dissipar a escuridão”, ou seja, para nos permitir enxergarmos aquilo que outrora seríamos incapazes de enxergar por causa da escuridão. Jesus se autodeclara a “Luz do Mundo”, em João 8.12, dizendo: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida”. Em João 9.5, ele disse: “Enquanto estou no mundo eu sou a luz do mundo”. Jesus usa, para se referir a nós, a mesma expressão que ele usou para se referir a si mesmo!

Ele segue seu discurso dizendo “Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte.”. Jesus usa certa “ênfase” sobre a impossibilidade de se esconder uma cidade construída sobre um monte, ou seja, num lugar de destaque. Ele diz ainda “E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Pelo contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa.”. Acender uma candeia (luz) e a esconder. Seria ilógico acender uma vela, cujo propósito é iluminar o ambiente, e depois escondê-la de modo que a luz que ela emite também fosse escondida.

Jesus nos diz que, pelo contrário, quem acende uma luz, cujo propósito é iluminar o ambiente, coloca-a num lugar apropriado, e dessa forma ilumina “todos os que estão na casa”. É interessante notar que Jesus não diz que a luz ilumina a “casa”, mas sim “os que estão na casa”. Jesus está fazendo aqui um paralelo com a figura do sal, que influencia o ambiente no qual está inserido. De modo semelhante, também somos “a luz do mundo” no sentido de que devemos “iluminar as pessoas” que estão na escuridão, que simboliza, nas Escrituras, a ignorância e cegueira espirituais em relação às coisas de Deus. É como se nós fossemos as luzes que Deus acende no mundo, e que são mantidas acesas pelo poder do Espírito Santo, para levarmos Sua luz maior, que é Cristo, aos que jazem na escuridão, através da pregação do evangelho. Jesus está dizendo que aqueles a quem Deus adota como filhos e comissiona como sendo seus porta-vozes, e que devem carregar e proclamar as boas novas, não devem estar escondidos, mas sim iluminando pessoas, lançando luz sobre elas!

No último versículo de nosso texto base, Jesus nos diz: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus”. De que maneira a “luz que emitimos” (do grego “luz que procede de vocês”) brilha diante dos homens? Como é que os homens podem ver a luz que procede de nós através do agir do Espírito Santo? Jesus nos diz que é “através das nossas obras”. Fomos salvos “para andarmos nas boas obras que Deus preparou de antemão para que andássemos nelas” (Efésios 2.10). Obras não são causa, mas consequência da nossa salvação em Cristo através da fé (Efésios 2.8-9), e são produzidas pelo próprio Deus em nós para Sua glória (Filipenses 1.11).

É extremamente importante destacar que sempre que as Escrituras nos falam sobre “boas obras”, elas nos apontam para ações que são consequência do agir do Espírito Santo em nós, transformando nosso caráter segundo seu fruto: “amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.” (Gálatas 5.22-23) Quando o fruto do Espírito está sendo produzido em nós e transformando nosso caráter, nossas ações serão apenas reflexos externos do que há em nosso interior.  É dessa forma que Jesus nos diz que os homens verão a luz que procede de nós, mas que tem origem primariamente em Deus. As pessoas verão nosso agir, fruto de nosso caráter transformado, e nisso glorificarão a Deus. É dessa forma que nossa “luz” brilhará diante dos homens, ou seja, através de nossas ações compatíveis com nossa fé e totalmente opostas à mentalidade do mundo, que poderemos impactar pessoas e sermos testemunhas fiéis de Cristo aos homens. Pregar o evangelho com palavras, muitas vezes, pode não significar nada.

Ainda nesse sentido, quando lemos, dentro de seu contexto, o versículo 16 de Mateus 5, aliado aos versículos 10-12, que é a oitava bem-aventurança, podemos entender melhor o que Jesus quis dizer. A oitava bem-aventurança fala sobre “perseguição”. Para o mundo, o normal seria que alguém, quando perseguido, revidasse, se irasse, buscasse vingança etc. Porém, quando somos perseguidos e, ainda assim, continuamos com a alegria que somente Deus pode produzir em nós, as pessoas do mundo tendem a olhar para aquilo sem entender como isso pode ser verdade.

“Vivam entre os pagãos de maneira exemplar para que, naquilo em que eles os acusam de praticarem o mal, observem as boas obras que vocês praticam e glorifiquem a Deus no dia da sua intervenção.” (1 Pedro 2.12)

A sabedoria de Deus é loucura aos olhos do mundo, porque ela nos leva a agir de maneira totalmente contrária ao “normal”. É nesse momento que nossa “luz” está mais propícia a “brilhar sobre os homens” de modo que eles vejam o poder de Deus em nós e O glorifiquem através de nosso testemunho verbal compatível com nossas ações. Que Ele nos capacite cada vez mais, e que possamos, a cada dia, buscar mais intensamente a Sua face. Amém!