domingo, 22 dezembro, 2024 19:38

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7 aprendizados que as Olimpíadas trouxeram ao mundo corporativo

Especialista em gestão e liderança comenta lições do esporte que são úteis na rotina das empresas

As Olimpíadas de Tóquio têm dado o que falar sobre o contexto político do país e a comunicação das pessoas com os esportes. Após o adiamento em decorrência da pandemia, chegar ao Japão foi uma conquista que exigiu muito preparo e equilíbrio por parte de colaboradores e esportistas. E foi justamente por meio deles que algumas lições ficam de exemplo para o mundo inteiro.

Algumas dessas lições, vale dizer, são bastante úteis ao mundo corporativo: é importante saber o momento de reconhecer se o trabalho está acompanhando a saúde mental dos colaboradores, como mostrou a ginasta estadunidense Simone Biles Como ao desistir das finais para autopreservação. Da mesma forma, nunca é cedo ou tarde demais para apostar nos seus sonhos, como bem mostrou a skatista Rayssa Leal, de apenas 13 anos, que conquistou a medalha de prata.

De acordo com a especialista em gestão e liderança Luciane Botto, também autora do livro “A evolução do ser humano e das organizações”, é preciso estar atento a grandes eventos como esse para incluir na rotina das empresas algumas aprendizagens importantes. “Aprender com a experiência do outro, em situações tão reais e emocionantes como as acompanhadas nas telas, nos dá a oportunidade da reflexão por meio do lúdico, da dor e da superação”, comenta Botto.

Visando entrelaçar os esportes e o mundo corporativo, a executiva destacou sete pontos de atenção das Olimpíadas para colocar em prática na rotina de trabalho. Confira:

Preparo

Assim como nas Olimpíadas, o mundo corporativo também necessita de preparo para desenvolver suas atividades, produtos e serviços. E isso vai além da experiência dos líderes e colaboradores, é preciso, como um time, estar preparado para as demandas.

“Não há como esperar resultados melhores sem o compromisso de melhoria e atualização constante. Cursos, leituras, experiências nos fazem sentir mais preparados e confiantes”, explica Botto.

Autoconhecimento

“Conhecer o seu limite, não depender da aprovação do outro para tomar decisões, saber ‘dizer não’ e superar o ‘medo de errar’ são alguns dos maiores desafios que as pessoas enfrentam na vida e na carreira. Será que precisamos ser tão duros com a gente mesmo? Como seria equilibrar melhor as prioridades, operando de modo saudável?”, questiona Botto.

De fato, ter conhecimento sobre os limites e sobre a própria maneira de como desempenhar o trabalho foi algo fundamental durante a adaptação ao trabalho remoto: foi necessário um profundo processo de autoconhecimento entre líderes e funcionários para estabelecer uma rotina de trabalho saudável.

Resiliência

Nada mais evidente que a própria pandemia para ressignificar o trabalho. Nas Olimpíadas, o conceito de resiliência é fundamental para ultrapassar as dificuldades e evoluir, começar um trajeto novo, agregando aquilo que foi aprendido no anterior. Assim fazem os atletas olímpicos até que conquistem o pódio: errar e evoluir a partir do erro.

“Ter a capacidade de extrair as lições de experiências, ter orgulho da sua história, das suas conquistas e tudo o que trilhou, de virar a página e seguir em frente”, ressalta Botto.

Empatia e apoio

Fundamental nas Olimpíadas, no trabalho e na vida: a empatia e o apoio são os pilares que mantém os colaboradores e líderes em seus cargos com plena eficiência. “É preciso compreender o que o outro está sentindo e ter sensibilidade para observar quando a produtividade cai, quando se está no limite e ter condições de oferecer apoio e liberdade para o outro se expressar com autenticidade. O que os times esperam dos líderes em momentos críticos, de tensão ou pressão? Sem dúvida, eles desejam direção, apoio, reconhecimento, escuta e compreensão verdadeira”, complementa Botto.

Cuidados com a saúde física, mental e emocional

A produtividade, algo tão cobrado e discutido durante a pandemia, não vem de lugares hóstias aos colaboradores. “Sem saúde e equilíbrio não há performance que se sustente. Momentos de pausa, meditação, diversão, interação e atividade física nos ajudam a ter mais foco e prazer no que realizamos. A disputa acontece todos os dias e o mais importante é se manter em movimento, na velocidade que for possível – não a qualquer custo”, complementa Botto.

Nas Olimpíadas, isso ficou ainda mais evidente: a saída da favorita Simone Biles marcou a história dos jogos para refletir sobre a importância da saúde mental. Em entrevista, a estadunidense ainda destacou: “Temos que proteger nossas mentes e nossos corpos e não apenas sair e fazer o que o mundo quer que façamos. Não somos apenas atletas, somos pessoas e às vezes é preciso dar um passo atrás”.

Mantenha a humildade para ganhar e perder

Um ambiente de trabalho pode ter níveis de competições bastante semelhantes aos enfrentados na pandemia. No fim, um lugar no qual um tenta passar por cima do outro deixa toda a cadeia de produção prejudicada. E para seguir em frente de forma saudável, é preciso ir além da rivalidade.

“Nem sempre temos as melhores ideias, soluções ou respostas para o que estamos vivendo. Nem sempre estaremos no topo. É preciso aprender com as vitórias e derrotas. Numa competição, um lado ganha e outro perde. E é claro que ninguém deseja perder”, comenta Botto.

Desafie suas métricas ou “verdades absolutas”

Já dizia Lavoisier: “Na natureza, nada se cria, tudo se transforma”. Ou seja, uma ideia que talvez funcionasse de um jeito pode sofrer alterações e mudanças no meio do caminho. Assim, é preciso rever as métricas e ter a mente aberta: os padrões de sucesso mudam e a conquista das medalhas nas Olimpíadas está aí de prova.

“Será mesmo que o comando e controle e a pressão trazem os melhores resultados? Ou o ato de mesclar talento, paixão, leveza e diversão são capazes de nos fazer ir além?”, questiona Botto.

Nota-se, então, que há mais em comum entre as Olimpíadas e o mundo corporativo do que se pensa. Afinal, atletas ou não, todos precisamos do ofício e buscamos pelo pódio. A diferença está na maneira como isso acontece!