terça-feira, 30 abril, 2024 10:28

MATÉRIA

Crianças e adolescentes podem tomar energéticos?

Definitivamente NÃO!

Dar bebidas energéticas a crianças e adolescentes não  é uma boa ideia, mas muitas acabam consumindo este tipo de produto. Uma nova pesquisa mostra que milhares de crianças têm enfrentado efeitos colaterais graves – e potencialmente mortais – após o consumo de bebidas energéticas.

Mais de 5 mil casos de pessoas que ficaram doentes de bebidas energéticas foram relatados nos centros de controle de envenenamento dos Estados Unidos entre 2010 e 2013. De acordo com um estudo apresentado em uma reunião da Associação Norte-Americana do Coração, quase metade desses casos foram de crianças que não perceberam o que estavam bebendo.

Muitos desses casos envolviam efeitos secundários graves, como convulsões, arritmias cardíacas ou pressão arterial perigosamente alta. As crianças menores de 6 anos de idade muitas vezes bebiam estes produtos por engano. “Elas não vão a uma loja e os compram; elas os encontraram na geladeira, deixados por um pai ou um irmão mais velho”, explica o coautor Steven Lipshultz, pediatra-chefe do Hospital Infantil de Michigan.

Em 2003, três adolescentes canadenses morreram por causa do consumo de bebidas energéticas, e outros 35 sofreram efeitos colaterais sérios, como amnésia e batimento cardíaco irregular. O problema é agravado pelo fato de que os efeitos negativos da cafeína geralmente não são imediatos. “Jovens de 18 anos normalmente não sofrem ataques cardíacos”, mas se bebem muito energético, o que vai acontecer quando tiverem 40 anos?, essas pessoas terão problemas cardiovasculares no futuro e não devem “pagar para ver”.

Muitos energéticos têm sabor e aspecto de refrigerante, mas os níveis de cafeína são muito mais altos. A cafeína é um estimulante que, em excesso, pode levar a convulsões, batimentos cardíacos irregulares e, em casos extremos, a morte. Um relatório feito nos Estados Unidos pela associação Drug Abuse Warning Network mostrou que, em 2011, 20.783 pessoas foram parar no hospital por causa de bebidas estimulantes.

Embora fabricantes dos energéticos afirmem que os produtos são seguros, muitos especialistas estão alertando os pais sobre os riscos do consumo por crianças e adolescentes. Nos Estados Unidos, refrigerantes não podem ter mais de 71 miligramas de cafeína a cada 354 ml da bebida. A Coca-Cola normal, por exemplo, tem 30 a 35 miligramas da substância nessa porção, enquanto um café do McDonalds com 473 ml tem 100 miligramas de cafeína.

Bebidas energéticas geralmente contêm altos níveis de açúcar e, no mínimo, mais cafeína que uma xícara de café. Porém, os fabricantes muitas vezes incrementam os efeitos de aumento de energia com uma mistura de outros ingredientes, que vão desde taurina e carnitina – um aminoácido natural – ao ginseng, uma erva chinesa normalmente usada na medicina alternativa. Mas, apesar dessa “mistura especial” de ingredientes, os estudos sugerem bebidas energéticas não aumentam a atenção mais do que uma xícara de café.

Bebidas energéticas podem ter efeitos colaterais desagradáveis. Em 2007, Lipshultz começou a notar que as crianças e adultos que consumiram bebidas energéticas estavam dando entrada nas salas de emergência. Foi aí que começou a se perguntar se uma nova tendência preocupante estava ocorrendo. Assim, ele e seus colegas decidiram rastrear os dados dos centros de controle de intoxicação em todo o mundo.

Em 2011, a equipe relatou que os casos de doenças associadas ao consumo de bebidas energéticas tinham disparado, com efeitos colaterais como problemas cardíacos, danos no fígado, convulsões e até morte. Em um estudo separado, o governo dos EUA descobriu que atendimentos de emergência relacionados ao consumo de bebidas energéticas cresceram exponencialmente entre 2005 e 2011.

Agora, para ver se a tendência mudou recentemente, Lipshultz e seus colegas analisaram dados de todos os centros de controle de envenenamento dos EUA entre outubro de 2010 e setembro de 2013. Eles descobriram que 5.156 casos foram relatados, com cerca de 40% envolvendo crianças com menos de 6 anos de idade.

Além disso, as bebidas que incluíam certos aditivos, tais como aminoácidos e extratos de plantas, tendem a causar problemas mais graves do que aquelas que apenas incluíam cafeína em pó. Os extratos podem conter cafeína adicional que não é registrada no rótulo da bebida e compostos que ainda não foram bem estudados e que poderiam estar causando efeitos desconhecidos adicionais, especialmente quando consumidos em conjunto com muitos outros aditivos e cafeína.

“Você realmente não pode dissecar o que é o efeito do ginseng, o que é o efeito da taurina, o que é o efeito de guaraná, o que é o efeito da cafeína”, conta Lipshultz.

Uma rotulagem melhor?

A maioria das pessoas não está ciente do potencial que as bebidas energéticas têm de efeitos secundários graves. Como resultado, adultos podem deixar as bebidas acessíveis, sem saber, colocando as crianças em risco.

Rotular as bebidas energéticas com algo semelhante ao aviso do Ministério da Saúde que aparece em cigarros poderia ajudar a reduzir algumas destas exposições não intencionais, opina o cientista.

Crianças e adultos com fatores de risco subjacentes (tais como problemas com convulsões, arritmia ou uma predisposição para pressão arterial elevada), bem como cuidadores dessas crianças, também deve saber os riscos e ser aconselhados a não consumir bebidas energéticas.

“Converse com seus filhos sobre os malefícios do consumo de bebidas energéticas. Deixe-os saber que não é bom para eles, a longo prazo, mesmo que faça-os se sentir bem agora”

“Converse com seus filhos sobre os malefícios do consumo de bebidas energéticas. Deixe-os saber que não é bom para eles, a longo prazo, mesmo que faça-os se sentir bem agora.”