sexta-feira, 19 abril, 2024 07:38

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Globo Notícia Américas celebra cinco anos no ar!

O ‘Globo Notícia Américas’ está em clima de celebração pelo aniversário de cinco anos do programa. Ao longo dessa trajetória, o noticiário apresentado por Mila Burns ganhou a confiança e a participação da comunidade brasileira que vive nos Estados Unidos sem nunca perder o seu principal foco. A cada edição, o jornal destaca assuntos importantes para a diáspora brasileira que vive no país.  São matérias e entrevistas aprofundadas em temas como política, imigração, economia, legislação local, cultura e serviços.

Para comemorar a data, a Mariana Castro da Globo Internacional, que está sempre colaborando conosco com matérias e conteúdos superbacanas, conseguiu uma entrevista exclusiva com apresentadora Mila Burns para a Viver Magazine, confira!

Viver – São cinco anos de Globo Notícia Américas e você já faz parte da vida dos brasileiros que vivem nos Estados Unidos. Quando você aparece na tela da TV já sabemos que vem novidade por aí e, estamos sempre esperando as melhores notícias para os imigrantes. Você sente o peso, o carinho e a responsabilidade desse crédito quando você encontra com as pessoas na rua?

Mila – Olha, peso não, mas a responsabilidade para mim é enorme. Acho que o que nos “empodera” é termos acesso à informação no lugar novo em que vivemos. Muita gente acaba se isolando dentro da comunidade por medo, ou por não dominar bem a língua. Eu mesma passei e ainda passo por isso. Nós apoiamos muito um no outro. Então, acho que o Globo Notícia Américas tem essa responsabilidade de trazer a informação para os telespectadores, para que eles assumam os seus deveres e para que possam cobrar pelos seus direitos, como pessoas que vivem na América. Também tenho uma comunicação muito intensa com o público pelas redes sociais.  Recebo comentários tanto sobre o último programa, como pedidos de informações divulgadas no ‘Globo Notícias Américas’, ou no ‘Boletim Globo Notícia Américas’, que é voltado para serviço. Um boletim que deu muito o que falar, por exemplo, foi sobre o simulado para a prova de cidadania online. Muita gente entrou em contato pedindo mais informações. Essa é realmente uma relação muito bacana e é também o que me pauta para fazer o programa e o que me faz saber se estamos na direção certa, pois, apesar do jornal ser feito aqui na redação com essa equipe bacana de jornalistas, ele é também feito com a comunidade, seguindo esse retorno.

Viver – A Geórgia fez parte da sua rota de trabalho ainda no Planeta Brasil, falando sobre as comunidades brasileiras, dos problemas enfrentados com idioma, imigração, etc. Você acha que, de um modo em geral, as comunidades de todos os Estados são parecidas?

Mila – Não, pelo contrário. Acho que as comunidades são muito diferentes de um estado para o outro. Na Geórgia mesmo, tem muita gente que veio de Goiás, não só de Goiânia, mas de outras cidades também.  Quando você vem para Nova York, você percebe que a comunidade tem um perfil completamente diferente. E de Nova York para Nova Jersey muda também. Falando sobre a nossa passagem pela Geórgia com o ‘Planeta Brasil’, foi uma viagem que me marcou muito. Talvez tenha sido uma das que mais me marcaram. Fizemos uma reportagem super bacana por Savannah, com a Dóris, a Cristina, a Adriana e uma turma super legal e ativa no estado, que viajou com a gente não só por Marietta, onde fomos recebidos com um belo churrasco, mas por diferentes lugares. Foi lindo.

Também me lembro muito de ter entrevistado estudantes brasileiros que vivem no estado. Esse foi, para mim, um dos grandes marcos no ‘Planeta Brasil’. Foi uma semana em que uma estudante mexicana havia sofrido ameaças de deportação depois de dirigir pelo campus da universidade, com o farol apagado. Nos reunimos com estudantes para falar sobre o caso e um deles comentou que tinha medo que algo assim acontecesse, pois ele estava prestes a se formar. Me lembro que duas semanas depois, o pai dele me ligou e me contou que ele estava para ser deportado por uma questão de desinformação mesmo:  um advogado passou informações para a família dele de que eles poderiam se candidatar à cidadania, quando não era o caso.    Mais uma vez, esse foi um momento que me marcou e me fez pensar no quanto era importante ter um jornal brasileiro. A Geórgia foi muito importante nesse sentido.

Mas, voltando à pergunta, eu acho que de um modo geral as comunidades são muito diferentes. As pessoas procuram determinados estados por já conhecerem alguém de lá e, quando você vem morar nos Estados Unidos, você não vem por causa de uma cidade ou de outra e sim por ligações humanas mesmo. Isso faz com que as comunidades desses lugares sejam parecidas com as primeiras pessoas que foram chegando. Marietta, como eles brincam é a “ Goianetta”, tem a cara de Goiânia mesmo. As comunidades estão mudando, mas elas continuam diferentes entre si.

Viver – Em suas entrevistas, você ouviu muitas histórias, algumas engraçadas e outras muito tristes. Histórias de imigrantes. Teve alguma que te marcou ao ponto de te fazer perder o sono?

Mila – A história desse estudante na Geórgia me fez perder o sono. Nós ainda temos contato e ele está super bem. Voltou para o Brasil e conseguiu um acordo com a faculdade para terminar o curso no país. Mas posso me lembrar de inúmeras histórias da época do ‘Planeta Brasil’ que me marcaram, tanto de forma positiva quanto nem tão positiva assim.

Viver – Antes de trabalhar nos Estados Unidos, você já tinha conhecimentos da realidade destas comunidades, de suas histórias, vitórias e derrotas ou da luta dos imigrantes para realmente se sentirem inseridos como cidadãos neste país?

Mila – Muito superficialmente. Eu conhecia o que a maioria dos brasileiros que não vivem aqui conhecem. Acho que eu era muito pautada pelo estereótipo que a gente tem, da pessoa que chegou aqui e ficou riquíssima, e aqueles que chegaram na “caixa do correio”. A minha grande surpresa ao chegar, não foi o que encontrei em nenhum dos dois casos. A grande massa, os 99%, estão no meio dessas duas situações. São pessoas como eu, que estão aqui batalhando, trabalhando e buscando levar uma vida digna. Me lembro que ainda na Globo no Brasil, antes da minha vinda, quando me disseram: você vai ver o quanto a comunidade é sólida lá, é estabelecida e não tem nada a ver com o que a gente imagina que seja. Realmente foi uma surpresa para mim, uma surpresa positiva.

Viver – Na sua opinião, o que os líderes das comunidades precisam fazer para que as mesmas possam se fortalecer e conquistar mais espaço e respeito na sociedade americana. Tendo em vista que muitos dos membros das comunidades ainda estão ilegais e por isto, muitas vezes são vítimas de preconceito e racismo?

Mila – Antes de mais nada, eu também queria ressaltar que o preconceito não acontece apenas com pessoas sem documentos. Essa é uma luta que deveria ser de todos os brasileiros que vivem aqui, pois afeta a todos nós. O que eu acho que os líderes comunitários precisam fazer é o que os americanos já fazem há muito tempo, que é cobrar diretamente das autoridades e dos políticos. Independentemente de você ser cidadão ou não, de votar, ou não, você tem a liberdade de mandar cartas, fazer telefonemas e demandas. Essa é uma estratégia que alguns líderes de comunidades já fazem, mas que pode se fortalecer mais e mais.

Viver – Diante deste momento que o Brasil está passando, de todas as incertezas que o nosso país demonstra, da falta de segurança, da violência diária que impera em nossas ruas, você já se decidiu se vai construir o seu futuro aqui ou no Brasil?

Mila – Eu acho que isso é uma coisa que muda todo dia, assim como as circunstâncias em que o país vive no momento. Atualmente, estou perto de ter o meu filho aqui, então, por enquanto, a minha vida é aqui sim.

Viver – Depois de todas as suas experiências profissionais fora do Brasil, você diria que agora você alcançou os seus objetivos ou você ainda acha que tem mais céu a ser explorado na sua área, aqui nos Estados Unidos?

Milla – Imagina! Na verdade, acho que estou apenas começando e o ‘Globo Notícia Américas’ é um bom exemplo. Ao longo desses cinco anos, começamos com um formato intimista, que aos poucos foi afiando o terreno e entendendo melhor as demandas da comunidade. E assim, o jornal foi mudando. Hoje em dia, temos os nossos colaboradores e as entradas semanais da rádio ONU. Continuamos com entrevistas fabulosas e temos também o ‘Boletim Globo Notícia Américas’, que foi uma demanda da comunidade que a Globo internacional atendeu. Então, acho que só dentro do ‘Globo Notícia Américas’ eu ainda tenho muito chão para explorar e muito pela frente. E mais uma vez, acho que nós só construímos isso tudo sabendo o que a comunidade quer. Sou parte da comunidade, tenho contato intenso com eles e é através desse contato que a gente vai entendendo em que mares navegar e como podemos contribuir para que a nossa comunidade seja ainda mais forte e mais bonita. Temos muito caminho pela frente, e isso não depende só de mim, mas de todos, pautando esse jornal que é de todos nós.