domingo, 22 dezembro, 2024 13:36

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Mercado livre de energia: uma oportunidade pouco aproveitada

A crise econômica causada pela pandemia de coronavírus tornou mais clara do que nunca a importância para todas as empresas e setores de reduzirem custos e terem flexibilidade de resposta a mudanças do ambiente de negócios. Além disso, a pandemia e a quarentena aceleraram a adoção da transformação digital e a regulamentação de tecnologias já existentes como telemedicina e trabalho em home office.

Dentro deste contexto de transformações cada vez mais rápidas, uso de tecnologia mais intenso e maior necessidade de controle de custos, surpreende-me que mais empresas não aproveitem as oportunidades oferecidas pelo mercado livre de energia elétrica. Nele, empresas escolhem seu fornecedor e as características do contrato com este fornecedor de acordo com suas necessidades.

 As vantagens são muitas. A economia que as empresas têm em relação ao mercado regulado de energia variam em função de vários fatores, mas, segundo estimativas, ficam, em média, próximas a 30%, a depender da localização da empresa e do segmento. No total, empresas já economizaram mais de R$ 216 bilhões desde a criação do Mercado Livre de Energia, de acordo com a ABRACEEL (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia).

Além disso, o contrato de fornecimento de energia pode ser customizado para atender às necessidades específicas de cada empresa, que variam muito em função das características do setor, do negócio em si e da localização das unidades desta empresa.

 Com os consumidores cada vez mais preocupados com o impacto ambiental dos produtos que consomem, no mercado livre de energia elétrica, as empresas podem optar por consumir energia renovável, que pode ser certificada –  com a origem/fonte da energia consumida (eólica, solar ou hidrelétrica) comprovadas – e assim destacar seus cuidados com o meio ambiente. Por exemplo, a Enel Trading, comercializadora de energia que atua neste mercado, faz a gestão e a comercialização de todo portfólio de usinas de geração renovável do grupo Enel. Seus preços de médio e longo-prazo são inferiores às tarifas do mercado regulado.

 Além do preço competitivo, a contratação de energia no mercado livre traz previsibilidade no planejamento de custos das empresas com energia, já que eles não sofrem reajustes tarifários pela ANEEL. Os preços e demais condições no Mercado Livre de Energia são negociados bilateralmente entre consumidores e comercializadores de energia.

 Na prática, há diferentes formas das empresas se beneficiarem destas oportunidades. Elas vão desde um modelo varejista de compra de energia pelas empresas, onde o consumidor não precisa ser um agente da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), passando por um fornecimento de energia com representação junto à CCEE – onde há um apoio na migração destas empresas ao Mercado Livre junto à CCEE –  até um modelo mais sofisticado, de autoprodução de energia, onde as empresas tornam-se acionistas de uma usina de energia renovável, obtendo benefícios e redução de encargos setoriais.

 Se você acha que tudo isto está distante da realidade do seu negócio, é hora de começar a repensar. Você não quer se ver, em breve, em uma situação similar à de tantos comerciantes que não tinham e-commerce ou à de restaurantes que não tinham serviços de delivery quando a pandemia chegou, quer?

A regra atual permite que clientes com demanda contratada acima de 500KW possam migrar ao ambiente livre. Este limite mínimo pode ser atingido por comunhão de carga de fato (somatório das demandas contratadas de unidades consumidoras em áreas contíguas) ou por comunhão de carga de direito (somatório das demandas contratadas da matriz e filiais). Hoje, já estão no Mercado Livre de Energia setores como indústrias de diversos segmentos, redes de hospitais, redes de farmácias, redes de lojas, shoppings e setores de telecomunicações e saneamento, entre outros.

 Além disso, há um projeto de lei em tramitação no Congresso que inclui, como parte da modernização do setor, a possibilidade da abertura total do mercado livre de energia, permitindo que consumidores com demanda contratada cada vez menor possam também ingressar neste ambiente. A depender de estudos de entidades do setor, até consumidores residenciais, já poderão vir a ser incluídos a partir de 2025. Como em qualquer situação, quem larga na frente leva vantagem.

Por: Ricardo Amorim, autor do bestseller Depois da Tempestade, apresentador do Manhattan Connection da Globonews, o economista mais influente do Brasil segundo a revista Forbes, o brasileiro mais influente no LinkedIn, único brasileiro entre os melhores palestrantes mundiais do Speakers Corner, ganhador do prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças, presidente da Ricam Consultoria e cofundador da Smartrips.co e da AAA Plataforma de Inovação.