sábado, 20 abril, 2024 06:37

MATÉRIA

Transtorno alimentar: Um problema global!

Conheça os 10 tipos de transtornos alimentares mais comuns

Uma boa alimentação é fundamental para
a manutenção da saúde. No entanto, certos
quadros de alterações emocionais podem gerar
uma relação desequilibrada com a comida,
gerando uma preocupação excessiva com o
corpo e comportamentos disfuncionais que
levam aos transtornos alimentares.

Os transtornos alimentares podem atingir
qualquer pessoa, independente de etnia, idade,
gênero, podendo trazer sérios problemas na
atuação profissional, escolar e social do portador,
além de afetar por tabela toda a família.
Os transtornos alimentares já se tornaram
hoje um caso grave de saúde pública mundial,
atingindo 1% da população do planeta, cerca
de 70 milhões de pessoas, a maior parte desse
universo composto por mulheres mais jovens.
No Brasil, foi feito um importante estudo
realizado pelo Grupo de Obesidade e Transtornos
Alimentares da UFRJ, que avaliou 2.297 pessoas
na cidade do Rio de Janeiro.
Os dados revelaram no universo pesquisado:
• 1,4% de casos de compulsão alimentar
• 0,7% de bulimia
Um dado que chamou a atenção nesta
pesquisa é que entre os pacientes que são
candidatos a realizar a cirurgia bariátrica, o índice
de compulsão alimentar chega a quase a 27%.
Em relação à faixa etária mais atingida,
a anorexia se manifesta especialmente na
adolescência entre os 13 e 14 anos e na juventude
entre 20 e 22 anos.
Os quadros de bulimia nervosa ocorrem
geralmente entre os 20 e os 30 anos de idade.
Já o transtorno de compulsão alimentar, tende a
ocorrer mais entre os 30 e 40 anos de idade.
Os TAs mais comuns são as já citadas anorexia
e a bulimia, mas existem vários outros não
tão conhecidos do público, mas que também
provocam grandes problemas para a saúde. E
embora os transtornos alimentares possam ser
tratados com sucesso, apenas uma em cada 10
pessoas recebe o tratamento correto. Por isso, é
preciso aprender a identificar e saber quando é a
hora de procurar acompanhamento médico.

intomas dos transtornos alimentares
Como saber que alguém está enfrentando
algum tipo de transtorno alimentar?
Quem nos ajuda a esclarecer isso é a psiquiatra
Maria Francisca Mauro, mestre em Psiquiatria
pelo PROPSAM/UFRJ e pesquisadora do PROCIBA/
HUCFF/UFRJ (Programa de Obesidade e Cirurgia
Bariátrica do Hospital Universitário Fraga Filho)
e do GOTA/IPUB/UFRJ (Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares):
‘’A principal caracterização quanto aos sintomas dos
transtornos alimentares, é que a vida da pessoa passa
a ficar restrita na sua preocupação do que comer, do
que deixar de comer, do medo de comer ou de comer
em exagero, ou seja, o ato de comer se torna, em si,
problemático’’.
A pessoa que tem esse transtorno percebe ou há
uma resistência em admitir que sofre desse mal?
‘’Em casos como anorexia nervosa, em grande parte
aquelas pessoas não percebem que estão adoecidas,
acham que estão vitoriosas por terem atingido um peso
magro, ou seja, a magreza se torna uma obsessão, passa
da obsessão para um adoecimento, tanto do corpo
quanto gravemente emocional. Alguns destes quadros
somente chegam para tratamento durante internação
por algum problema clínico, como no coração ou quebra
de algum osso que já estava fragilizado, ou mesmo a
família precisa intervir’’, diz a psiquiatra.
‘’Então, depende muito do nível de informação que
ela obtém, como ela processa aquela informação e como
as pessoas ao seu redor a informam, a acolhem e como
colocam aquele sofrimento em perspectiva, para que ela
consiga entender que é algo que precisa de tratamento
e que ela não precisa se punir’’, complementa a dra.
Maria Francisca.
Os transtornos mais comuns

1.Anorexia nervosa
A pessoa passa a ter um pensamento fixo de que é
‘’preciso perder peso’’ e a comida se torna uma ameaça.
Ao longo da evolução da doença, restringir a ingestão
de alimentos ou mesmo simplesmente deixar de comer
é o principal objetivo de vida. É um dos transtornos com
maior risco de morte.
2.Bulimia
A característica principal são episódios de compulsão
alimentar, a pessoa ingere alimentos de forma
descontrolada e depois se sente mal e culpada por este
comportamento. Aí busca compensar este descontrole
fazendo jejum, vomitando ou praticando exercícios na
tentativa de queimar as calorias ingeridas.
3.Compulsão alimentar
É semelhante à bulimia quanto à ingestão exagerada
de alimentos em determinado momento, mas sem o
comportamento de tentar expelir o alimento por uma
suposta culpa. A maioria dos pacientes está quase
sempre acima do peso daqueles que quem tem bulimia
e vivem buscando dietas de emagrecimento.

4.Transtorno purgativo
Nele não há ingestão de comida de forma
descontrolada como na bulimia, mas sim uma busca
constante para eliminar o que comeu, para emagrecer,
com o uso de medicamentos como diuréticos, laxantes,
fórmulas, chás e até mesmo forçar o vômito.
5.Síndrome do comer noturno
A pessoa alega não ter fome durante o dia, chegando
a ingerir quase 75% da sua cota de calorias diárias
no período noturno. É um transtorno associado à
depressão e baixa qualidade do sono.
6.Adição por comida
É quando a pessoa se diz “viciada em comida”, como
se estivesse numa busca incessante e insaciável por
alguns alimentos e chegando ao ponto de desenvolver
quadros de irritação e desequilíbrio emocional quando
não tem acesso a estes alimentos.

7.Ortorexia
É o transtorno do ‘’comer correto”. A pessoa quer se
alimentar somente de determinados alimentos que ela
considera serem saudáveis.
8.Beliscamento
Comer constantemente pequenas porções de
alimentos fora dos horários tradicionais das grandes
refeições, gerando aumento de peso. É como se a
pessoa se sentisse ‘’obrigada a comer’’. Pode estar ligado
à ansiedade ou depressão.
9. Vigorexia
É a busca exagerada por um ‘’corpo atlético e
musculoso’’, o que faz com que a pessoa busque a
ingestão em excesso de proteínas e suplementos
alimentares, o que pode prejudicar a saúde.
10. Drunkorexia
É o transtorno no qual a pessoa passa a restringir
o que vai comer, para poder beber álcool em grandes
quantidades, numa espécie de ‘’compensação calórica’’:
comer menos, para beber mais. Geralmente ataca
jovens com quadros de anorexia ou bulimia.
11. Fatorexia:
Neste quadro as pessoas estão obesas, mas não
conseguem admitir isso, acreditando estarem dentro do
peso ideal. Para alguns especialistas, seria o ‘’contrário
‘’ da anorexia.
O tratamento dos transtornos alimentares
Mas como enfrentar este grave problema de saúde
que afeta tanta gente no Brasil e no mundo?

A psiquiatra Maria Francisca Mauro orienta:
‘’Ela precisa passar por uma consulta psiquiátrica,
para que o médico defina se aquilo é um diagnóstico
alimentar ou não, para definir como será conduzido o
tratamento’’.
A Dra. também defende que a pessoa com
transtornos tenha uma orientação multidisciplinar, com
vários profissionais que se completam:
‘’Há também, a questão da nutrição: um profissional
de nutrição, trabalhando com a pessoa e entendendo
aquela pessoa e a forma como ela experimenta a
sua compulsão e restrição alimentar, pode ajudar a
regularizar e a compreender isto de maneira prática.
Também temos a importância do educador físico,
pois muitas destas pessoas passam a utilizar, para
regular o seu sofrimento emocional, o exercício físico.
Também temos, de acordo com o caso, a necessidade
de haver um médico clínico, um endocrinologista ou
um nutrólogo, por exemplo, dependendo do quadro
de transtorno alimentar, como uma bulimia grave,
problemas cardíacos ou renais’’.
E conclui:
‘’A gente precisa, quando faz esta mensagem dos
transtornos alimentares, comunicar a população que
não é uma frescura, não é uma falta de vergonha
de quem está lutando pelo peso e tem uma fase de
compensação e, mesmo, pessoas que sofrem ao longo
da vida, elas podem ter ajuda e compreensão, para
finalmente usarem isto a seu favor e não contra elas
próprias’’.
Contamos com a colaboração da DATZ Comunicação
e da Psiquiatra Maria Francisca Mauro.